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Para que serve o jornalismo?

  • Pablo Pereira
  • 14 de abr.
  • 2 min de leitura

O jornalismo é o exercício da tentativa cotidiana de suplantação das aporias da vida em sociedade. A prática diária da apuração de fatos, devidamente amparada no contrato social da liberdade de imprensa, produzindo informação, funciona como uma ação objetiva para permear o convívio social e proteger a coletividade de eventuais ameaças ao frágil "caniço pensante", na curiosa definição de Blaise Pascal.


O jornalismo exerce uma espécie de moderação social. Contrapõe versões, diferentes ou até antagônicas, de um determinado acontecimento. Neste sentido, uma reportagem funciona como um relato de uma situação provocada por comportamentos diversos que causam estranheza ou provocam resultados inesperados. É aí que entra o trabalho de apuração dos lados envolvidos transformados numa narrativa de fatos, perseguindo a realidade, transformada em notícia, o que ajuda na formação de opiniões e na educação de um povo. Talvez seja por isso que o jornalismo se transformou, ao longo da história, numa fascinante atividade fundamental no mundo democrático - e criou fortes conglomerados de comunicação.



Mas não é somente isso. Trata-se ainda de uma prazerosa atividade profissional, exercida por Quintanas (Mário, o poeta, que conheci numa redação), Vargas Llosas, Hemingways, Taleses, Coutos, Loyolas - "and so on, and so on", como resume o esloveno pensador Slavoj Zizek. São gênios que souberam valorizar o interesse de leitores ávidos pelo conhecimento e depois se aprofundaram no universo da literatura. Para usar um conceito do grego Platão, o jornalismo proporciona equilíbrio de posições ao oferecer contraditório, obviamente garantidos os princípios avessos à selvageria. E quando transmite conhecimento atinge o máximo dos prazeres - para quem o elabora e quem dele desfruta.Torna-se uma essencial ferramenta na busca de sabedoria, no sentido filosófico da existência humana.


Página do Estadão, de dezembro de 1997, com texto de Mario Vargas Llosa, que morreu na neste domingo, 13 de abril, em cobertura que fiz de uma crise política no Peru. Vargas Llosa foi militante comunista, mas depois transformou-se em ferrenho defensor do capitalismo liberal / Acervo Estadão/Pablo Pereira
Página do Estadão, de dezembro de 1997, com texto de Mario Vargas Llosa, que morreu na neste domingo, 13 de abril, em cobertura que fiz de uma crise política no Peru. Vargas Llosa foi militante comunista, mas depois transformou-se em ferrenho defensor do capitalismo liberal / Acervo Estadão/Pablo Pereira







 
 
 

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