O entusiasmo do amor à pesquisa - os dinos e o nosso tempo
- Pablo Pereira
- 16 de abr.
- 2 min de leitura
O tempo é uma questão da filosofia que tomou e toma tempo há muito tempo. Diversos pensadores já se ocuparam da busca de uma explicação ou, no mínimo, uma definição para o passar dos anos e seus benefícios e imprecações para os humanos. Uma das formas de entender o enigma da vida, ou pelo menos buscar sentido para esta dúvida desafiadora, é a pesquisa científica desenvolvida na antropologia, que procura as origens humanas, e na paleontologia, que quer saber de tudo sobre os seres vivos. A preocupação dessa gente que faz ciência é uma maravilha em si.
Já faz algum tempo (!!!) - uma fração, na verdade, porque foi em 2022 -, fiz uma entrevista, para reportagem do Estadão, que revela a beleza do entusiasmo desses abnegados cientistas. O paleontólogo Tito Aureliano, da Unicamp, foi parte do grupo dedicado a analisar dados e cavoucar no tempo para esmiuçar quem era o Dino de Ibirá. O bicho era um titanossauro nanico que perambulou por São Paulo no Período Cretáceo, a 80 milhões de anos. Para se ter ideia do tempo, o Cristo católico tem 2 mil anos. O filósofo grego Sócrates, por exemplo, apenas (!) 2.400 anos. O fóssil humano mais antigo, 230 mil anos.
Os restos do dino de Ibirá, da região de Rio Preto, atualmente a terra da cana e da laranja, foram encontrados num morrete que concentra um sítio de escavações. O animal pescoçudo era da altura de um pônei. O entusiasmo do cientista, quando fala dos ossos achados sob camadas de terra, chega a ser comovente. O estudo confirma a teoria dos "sacos aéreos" presentes nas estruturas ósseas do dino. É uma coisa sensacional.
No vídeo, que está aí abaixo, o cientista alerta para os perigos da devastação das florestas e para os efeitos da ação humana predatória sobre o sistema de chuvas no país. Hoje, três anos depois da entrevista, já convivemos com secas extremas e enxurradas desproporcionais em tudo quanto é canto, que demonstram os impactos perversos do desequilíbrio climático - uma preocupação do cientista. É uma lição, que gosto muito de rever. A pesquisa, obviamente, continuou após da publicação da reportagem.

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