Interesse por lítio rege a atual política internacional
- Pablo Pereira
- 5 de mar.
- 2 min de leitura
O governo dos EUA não dá ponto sem nó. Em fevereiro, o presidente americano chamou o presidente da Ucrânia de ditador por estar no poder sem eleições, que estaria com baixíssima aprovação popular e que teria iniciado a guerra contra a Rússia. Como costuma agir o novo governante dos EUA, sem muito compromisso com a veracidade do que afirma, as declaraões estavam recheadas de meias verdades ou até de mentiras mesmo. A imprensa séria e independente dos EUA tratou logo de esclarecer a desinformação. Vladimir Zelenski continua no poder porque, estando sob ataques russos, não há condição de realização de eleições no país. Essa é a meia verdade número um.
A outra é sobre a baixa popularidade: Trump disse que Zelenski tem somente 4% de aprovação. De onde ele tirou o dado exato, ninguém sabe. Zelenski, claro, contesta. Mas o mais grave é a mentira que Trump se esforça em fazer parecer verdade. A de que a Ucrânia iniciou a guerra. Falso. Todo o mundo sabe que a Ucrânia foi invadida pela Rússia em fevereiro de 2022, após várias ameaças do líder russo, Vladimir Putin, alegando que o inimigo era neonazi porque permitia atuação desses radicais na Ucrânia. Realmente, há grupos desses extremistas por lá, como no resto da Europa, EUA, Brasil. Mas Zelenski, neto de judeus, explicou suas origens e desmentiu Putin. Depois disso tudo, veio o vergonhoso e revelador bate-boca do Salão Oval, já tratado aqui, com forte reação da Comunidade Europeia.
A crise deixou mais claro o motivo da tentativa de Trump de também desclassificar Zelenski: imposição de negócios extrorsivos. Na cabeça dele, a guerra comercial vai beneficiar os EUA. Na guerra Rússia/Ucrânia, os americanos estavam de olho nas reservas minerais do país invadido, principalmente de lítio, o mineral usado na fabricação de carros elétricos, mercado atualmente dominado pela China, de Xi Jinping. A "Xi'na" tem o mineral e nada de braçado na fabricação das baterias dos veículos que um rico empresário, secretário de Trump, persegue mais do que ouro para sua indústria particular.
Depois das agressões verbais, finalmente Trump agora pode obter, segundo o noticiário do Times, o acordo com a Ucrânia para ter acesso às minas cobiçadas. Ontem, dia 4/3, ele anunciou em discurso no Congresso, que recebeu de Zelenski comunicado de que quer a volta das negociações de paz com os russos, abaladas pelo vexame na Casa Branca. Mas só que não nas condições inicialmente previstas. É que a Europa, obviamente mais fraca do ponto de vista militar, mas que não nasceu ontem, também tem interesses que vão além de simplesmente impedir a expansãp americana na política daquele continente.
O que resta saber a razão exata para Trump aceitar negociar com o antes chamado "ditador"ucraniano. Esse passo atrás teria sido recomendado por alguém poderoso que tem interesses comerciais diretos nas minas de lítio?

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